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: “Ó Senhor, eis que não te esquecerei! Qual prazer é para aqueles, ó Cristo, que se lembram das tuas triunfantes vitórias, alcançar tão altas dignidades!”
 
: “Ó Senhor, eis que não te esquecerei! Qual prazer é para aqueles, ó Cristo, que se lembram das tuas triunfantes vitórias, alcançar tão altas dignidades!”
  
Então, os carrascos prosseguiram para o último tormento, que consistiu em queimar o que estava de seu corpo vivo com tochas flamejantes. Quando a chama atingiu o topo de sua cabeça, a virgem mártir entregou sua alma ao Senhor, e juntou-se ao seu Esposo celestial.
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Então, os carrascos prosseguiram para o último tormento, que consistiu em queimar o que estava de seu corpo vivo com tochas flamejantes. Quando a chama atingiu o topo de sua cabeça, a virgem mártir entregou sua alma ao Senhor, e juntou-se ao seu Esposo celestial. Santa Eulália foi martirizada aos treze anos de idade.
  
 
== Nota ==
 
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Revisão das 01h51min de 11 de dezembro de 2019

As Santas Virgens e Mártires Eulália e Júlia de Emerita (m. 304) foram duas virgens martirizadas na atual cidade de Mérida, na Espanha, em virtude da Grande Perseguição. A Igreja honra ambas as santas no dia do seu martírio, 10 de dezembro.

Vida

Eulália nasceu na capital da Província da Lusitânia, Emerita, durante a década de 290. Emerita era uma cidade bem-afortunada e de muitas festas, e essa situação não era diferente dentro da família de Eulália. A virgem cristã, que havia sido tutelada por um sacerdote cristão de nome Donato, não via prazer em ornamentos ou nas riquezas materiais, e negou honrosos e grandiosos pedidos de casamento. Abandonando todos esses deleites, a donzela preparava-se na jornada para a herança celeste.

Todavia, em 303, os ímpios imperadores de Roma deram início ao que seria posteriormente conhecida como a mais severa perseguição de cristãos do Império Romano, em que os cristãos ou ofereciam sacrifícios aos deuses pagãos ou eram oferecidos como sacrifício. Os pais de Eulália, temendo que ela fosse capturada pelos partidários de Maximiano, esconderam-na numa casa de campo distante da cidade. A santa, após descobrir que seu pai e outros companheiros haviam sido presos, e ansiando juntar-se ao seu Esposo celestial, fugiu durante uma noite escura, junto de sua companheira, Júlia. Assim como os filhos de Israel tinham, pelo poder de Deus, uma coluna de fogo que os guiava durante a noite, assim as piedosas donzelas eram guiadas pelo Senhor na estrada a Emerita. Ao raiar do sol, Eulália adentrou o tribunal da urbe e, no meio de todos, gritou em alta voz:

“Grande é a pena que tenho de vós, que destruís e matais as almas dos homens, jogais seus corpos contra as rochas e façais com que neguem ao Deus onipotente! Sabeis, ó infelizes, quem é essa donzela? Eis que sou dos cristãos, inimiga de vossos sacrifícios diabólicos. Desprezo vossos ídolos sob meus pés e confesso a Deus onipotente com meus lábios e coração.
“Ísis, Apolo, Vênus e o próprio Maximiano de nada são. Aqueles, porque são obra das mãos dos homens. Este, porque essas obras adora. Portanto, ambos são frívolos. Maximiano é um senhor do mundo, e ainda assim prostra-se perante pedras, e jura a honra de sua dignidade àquilo que é muito inferior a seus vassalos.
“Por que, então, oprime espíritos mais dignos e corajosos que ele tão tiranicamente? Que líder se alimenta de sangue inocente, rasga e dilacera os corpos dos homens piedosos e, além disso, tem o prazer de destruir e subverter a fé? Ide, pois, queimai, cortai e mutilai nossos membros terrenos. Fácil é quebrar substâncias frágeis, porém impossível é ferir a mente interior.”

O juiz, tomado de cólera, ordenou: “Carrasco, suspenda-a pelos cabelos, torture-a ao máximo, deixe-a sentir o poder de nossos deuses e respeitar o Império. Mas antes, ó garota resistente, suplico-te que revogue esta tua maldade. Vê os prazeres que deixarás de desfrutar na honrada casa de onde viestes, tua descendência não existirá, e a nobreza lamentar-se-á tristemente por ti. Caminhará à morte uma flor tão jovem quanto esta, e tão próxima de casamentos honrosos e abundantes dotes para serem desfrutados? A pompa brilhante e dourada de uma noiva não te comove? A piedade de teus ancestrais não te sensibiliza? Quem não se entristecerá com o teu fim? Vê os instrumentos mortais que te aguardam, ou serás decapitada por esta espada, ou serás devorada por estes animais, ou ainda serás lançada às chamas ardentes; que grande problema é para ti, rogo-te, escapar de tudo isso? Se apenas pegares e colocares com teus dedos um pouco de sal e incenso nos incensários, serás liberta de todas essas punições.”

A corajosa Eulália respondeu a súplica do juiz atirando os ídolos ao chão e pisando no incenso preparado para os incensários. Então, sem delongas, os carrascos a pegaram, distenderam seus membros e com garras a rasgaram até os ossos. Mesmo manchada e embebida com seu próprio sangue, a santa ainda cantava alegre:

“Ó Senhor, eis que não te esquecerei! Qual prazer é para aqueles, ó Cristo, que se lembram das tuas triunfantes vitórias, alcançar tão altas dignidades!”

Então, os carrascos prosseguiram para o último tormento, que consistiu em queimar o que estava de seu corpo vivo com tochas flamejantes. Quando a chama atingiu o topo de sua cabeça, a virgem mártir entregou sua alma ao Senhor, e juntou-se ao seu Esposo celestial. Santa Eulália foi martirizada aos treze anos de idade.

Nota

A memória das santas aparentemente não sobreviveu nos manuscritos orientais, sendo que o único registro conhecido da festa além do Martirológio Romano foi no Calendário Neapolitano do século IX.

Referências

  • Foxe, J. (1851). O livro dos mártires.