Diferenças entre edições de "Dimas, o Ladrão"

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Tito viveu quase toda a sua vida terrena como ladrão, e era o líder de uma grande quadrilha de bandidos egípcios.
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Tito viveu quase toda a sua vida terrena como ladrão e, em sua juventude, era o líder de uma grande quadrilha de bandidos egípcios. Naquele mesmo tempo, a [[Mãe de Deus]] e São José encontravam-se vagueando pelo deserto com a [[Jesus Cristo|Divina Criança]], pois haviam sido avisados por um anjo que o Rei Herodes da Judeia iniciara uma perseguição para que o Cristo fosse morto.
  
Sua vida eterna, entretanto, iniciou-se com a Paixão de [[Jesus Cristo]]. Quando os judeus trouxeram Cristo ao Gólgota, O suspenderam na Cruz junto com dois ladrões, como se Ele mesmo fosse um ladrão. Aquele à Sua esquerda chamava-se Gemas, enquanto que o outro à direita, Dimas.
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Certa noite, partiram da vila onde Jesus havia milagrosamente curado uma garota da lepra e desfeito o feitiço de um jovem que havia sido transformado em mula por uma feiticeira. Como ambos se casaram e fizeram uma grande festa em que todo o povoado fez-se presente, Maria e José temiam que o exército de Herodes soubesse do ocorrido e viesse em direção deles. À noite, partiram pelo deserto em direção a Cairo, sendo guiados apenas pela luz da Lua e sofrendo muito frio, pois era inverno.
  
Todos, desde os sacerdotes judeus até os dois ladrões crucificados zombavam de Jesus, dizendo: “Se és o Filho de Deus, desce da cruz!”, ao que Cristo apenas respondia com Seu silêncio. A extrema humildade e paciência do Salvador ao ser escarnecido e ridicularizado na Cruz até que os judeus se cansassem e fossem embora — afinal, alguns riram-se d’Ele do meio-dia até a hora nona — fez com que Dimas compreendesse em seu coração que trava-se de Alguém que não era como ele.
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Enquanto vagavam, depararam-se com a quadrilha de Tito, a qual dormia em suas tendas. Tito e seu companheiro Dímaco, entretanto, encontravam-se acordados no lado de fora e os perceberam na escuridão. Sabendo disso, a Mãe de Deus aproximou-se deles e, segurando seu Filho como se quisesse protegê-Lo, caiu de joelhos perante os dois e implorou para que os poupassem. Tito disse a Dímaco: “Rogo-te que deixe-os partirem em silêncio, para que nossos companheiros não os ataquem.” Mas Dímaco mostrou-se disposto a fazer o contrário. Então, Tito examinou sua cintura e disse: “Dar-te-ei quarenta sêmolas de trigo e, como garantia, meu cinto, se não abrires a tua boca.” Dímaco aceitou a oferta, e permaneceu calado.
  
Quando Gemas ultrajou-o no seguinte modo: “Se és o Cristo, salva-te a ti mesmo e salva-nos a nós!”, Dimas olhou ao seu redor, viu uma escuridão indescritível tomando conta de todo lugar e repreendeu-o: “Nem sequer temes a Deus, tu que sofres no mesmo suplício? Para nós isto é justo, recebemos o que mereceram os nossos crimes, mas Este não fez mal algum. Jesus, lembra-Te de mim quando tiveres entrado no Teu Reino!” E Jesus, vendo sua fé, respondeu: “Em verdade te digo, hoje estarás comigo no Paraíso.
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Vendo a bondade a qual Tito teve para com eles, a Virgem disse-lhe: “O Senhor Deus há de te receber em Sua Mão destra, e conceder-lhe-á o perdão dos teus muitos pecados.Jesus, virando-se para ela, profetizou: “Decorridos trinta anos, ó Minha mãe, serei crucificado pelos judeus em Jerusalém, e estes dois ladrões estarão comigo; Tito à Minha destra e Dímaco à Minha esquerda, e Tito alcançará o Paraíso antes de Mim.” Maria clamou: “Deus me livre esse ser Teu destino, meu Filho!”, e seguiram o caminho a Cairo.
  
Até então, Cristo jamais havia prometido a alguém o Reino dos Céus, nem mesmo aos grandes santos e profetas da Antiga Aliança como [[João, o Batista|São João, o Batista]], os quais O aguardaram no Hades até Sua descida para que fossem levados ao Seu Reino.
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=== Morte de Cruz ===
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Passado o curso de todos esses anos, Jesus foi condenado à morte pelos judeus e trazido ao Gólgota, o monte onde Adão havia entregue sua alma a Deus quando expirou. Após pregarem-Lhe Seus Pés e Mãos ao Madeiro, suspenderam-No junto com dois ladrões, como se Ele mesmo fosse um ladrão. Aquele à Sua esquerda era Dímaco, enquanto que o outro à direita, Tito, ambos já em seus quarenta ou cinquenta anos de idade e finalmente pegos pelo exército de Pilatos, eparca da Judeia.
  
Se um bandido que cometeu tantos males e atos criminosos em sua vida pôde receber o Reino dos Céus com apenas um pedido no momento da morte, então o desespero não é uma opção para aquele que espera no Senhor com humildade e submissão à Sua soberania divina.
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Todos, desde os sacerdotes judeus até os dois crucificados zombavam de Jesus, dizendo: “Se és o Filho de Deus, desce da cruz!”, ao que o Cristo apenas respondia com Seu silêncio. A extrema humildade e paciência do Salvador ao ser escarnecido e ridicularizado na Cruz até que os judeus se cansassem e fossem embora — afinal, alguns riram-se d’Ele do meio-dia até a hora nona — fez com que a consciência de Tito o lembrasse daquele episódio trinta anos antes, e assombrou-se com o que estava acontecendo.
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Quando Dímaco ultrajou-o no seguinte modo: “Se és o Cristo, salva-te a ti mesmo e salva-nos a nós!”, Tito olhou ao seu redor, viu a escuridão indescritível tomando conta de todo lugar e repreendeu-o: “Nem sequer temes a Deus, tu que sofres no mesmo suplício? Para nós isto é justo, recebemos o que mereceram os nossos crimes, mas Este não fez mal algum. Jesus, lembra-Te de mim quando tiveres entrado no Teu Reino!” E Jesus, vendo sua fé, respondeu-lhe: “Em verdade te digo, hoje estarás comigo no Paraíso.”
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Até então, Cristo jamais havia prometido a alguém o Reino dos Céus, nem mesmo aos grandes santos e profetas da Antiga Aliança como [[João, o Batista|São João, o Batista]], os quais O aguardaram no Hades até Sua descida para que fossem levados ao Seu Reino. Se um bandido que cometeu tantos males e atos criminosos em sua vida pôde receber o Reino dos Céus com apenas um pedido no momento da morte, então o desespero não é uma opção para aquele que espera no Senhor com humildade e submissão à Sua soberania divina.
  
 
[[Categoria:Santos]]
 
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Revisão das 06h16min de 23 de outubro de 2020

São Dimas, o Ladrão

São Dimas (também conhecido como Tito, o Bom Ladrão ou Ladrão Arrependido; séc. I), foi um dos dois homens crucificados com Jesus Cristo. Ele se arrependeu dos seus pecados e pediu para que Cristo Se lembrasse dele em Seu Reino. Sua memória é celebrada pela Igreja na Sexta-Feira Santa e no dia 25 de março.

Vida

Tito viveu quase toda a sua vida terrena como ladrão e, em sua juventude, era o líder de uma grande quadrilha de bandidos egípcios. Naquele mesmo tempo, a Mãe de Deus e São José encontravam-se vagueando pelo deserto com a Divina Criança, pois haviam sido avisados por um anjo que o Rei Herodes da Judeia iniciara uma perseguição para que o Cristo fosse morto.

Certa noite, partiram da vila onde Jesus havia milagrosamente curado uma garota da lepra e desfeito o feitiço de um jovem que havia sido transformado em mula por uma feiticeira. Como ambos se casaram e fizeram uma grande festa em que todo o povoado fez-se presente, Maria e José temiam que o exército de Herodes soubesse do ocorrido e viesse em direção deles. À noite, partiram pelo deserto em direção a Cairo, sendo guiados apenas pela luz da Lua e sofrendo muito frio, pois era inverno.

Enquanto vagavam, depararam-se com a quadrilha de Tito, a qual dormia em suas tendas. Tito e seu companheiro Dímaco, entretanto, encontravam-se acordados no lado de fora e os perceberam na escuridão. Sabendo disso, a Mãe de Deus aproximou-se deles e, segurando seu Filho como se quisesse protegê-Lo, caiu de joelhos perante os dois e implorou para que os poupassem. Tito disse a Dímaco: “Rogo-te que deixe-os partirem em silêncio, para que nossos companheiros não os ataquem.” Mas Dímaco mostrou-se disposto a fazer o contrário. Então, Tito examinou sua cintura e disse: “Dar-te-ei quarenta sêmolas de trigo e, como garantia, meu cinto, se não abrires a tua boca.” Dímaco aceitou a oferta, e permaneceu calado.

Vendo a bondade a qual Tito teve para com eles, a Virgem disse-lhe: “O Senhor Deus há de te receber em Sua Mão destra, e conceder-lhe-á o perdão dos teus muitos pecados.” Jesus, virando-se para ela, profetizou: “Decorridos trinta anos, ó Minha mãe, serei crucificado pelos judeus em Jerusalém, e estes dois ladrões estarão comigo; Tito à Minha destra e Dímaco à Minha esquerda, e Tito alcançará o Paraíso antes de Mim.” Maria clamou: “Deus me livre esse ser Teu destino, meu Filho!”, e seguiram o caminho a Cairo.

Morte de Cruz

Passado o curso de todos esses anos, Jesus foi condenado à morte pelos judeus e trazido ao Gólgota, o monte onde Adão havia entregue sua alma a Deus quando expirou. Após pregarem-Lhe Seus Pés e Mãos ao Madeiro, suspenderam-No junto com dois ladrões, como se Ele mesmo fosse um ladrão. Aquele à Sua esquerda era Dímaco, enquanto que o outro à direita, Tito, ambos já em seus quarenta ou cinquenta anos de idade e finalmente pegos pelo exército de Pilatos, eparca da Judeia.

Todos, desde os sacerdotes judeus até os dois crucificados zombavam de Jesus, dizendo: “Se és o Filho de Deus, desce da cruz!”, ao que o Cristo apenas respondia com Seu silêncio. A extrema humildade e paciência do Salvador ao ser escarnecido e ridicularizado na Cruz até que os judeus se cansassem e fossem embora — afinal, alguns riram-se d’Ele do meio-dia até a hora nona — fez com que a consciência de Tito o lembrasse daquele episódio trinta anos antes, e assombrou-se com o que estava acontecendo.

Quando Dímaco ultrajou-o no seguinte modo: “Se és o Cristo, salva-te a ti mesmo e salva-nos a nós!”, Tito olhou ao seu redor, viu a escuridão indescritível tomando conta de todo lugar e repreendeu-o: “Nem sequer temes a Deus, tu que sofres no mesmo suplício? Para nós isto é justo, recebemos o que mereceram os nossos crimes, mas Este não fez mal algum. Jesus, lembra-Te de mim quando tiveres entrado no Teu Reino!” E Jesus, vendo sua fé, respondeu-lhe: “Em verdade te digo, hoje estarás comigo no Paraíso.”

Até então, Cristo jamais havia prometido a alguém o Reino dos Céus, nem mesmo aos grandes santos e profetas da Antiga Aliança como São João, o Batista, os quais O aguardaram no Hades até Sua descida para que fossem levados ao Seu Reino. Se um bandido que cometeu tantos males e atos criminosos em sua vida pôde receber o Reino dos Céus com apenas um pedido no momento da morte, então o desespero não é uma opção para aquele que espera no Senhor com humildade e submissão à Sua soberania divina.