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No século XIII, após o repouso da santa Rainha Tamara da Geórgia (1184–1213), a Era de Ouro Georgiana começou a entrar em declínio. O reino era rodeado de todos os cantos por povos vassalos pagãos e islâmicos, e a grande devoção do povo georgiano a [[Jorge, o Vitorioso|São Jorge]] era o que mantinha as terras ibéricas protegidas. Quando seu filho Jorge IV (1213–1223) assumiu o reino, frustrou algumas revoltas dos estados vassalos e planejou unir-se aos latinos que na década anterior haviam destruído Constantinopla e saqueado suas igrejas para combater os islâmicos na Palestina. Por essa escolha, a Geórgia afastou-se das bênçãos de São Jorge.
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No século XIII, após o repouso da santa Rainha Tamara da Geórgia (1184–1213), a Era de Ouro Georgiana começou a entrar em declínio. O reino era rodeado de todos os cantos por povos vassalos pagãos e islâmicos, e a grande devoção do povo georgiano a [[Jorge, o Vitorioso|São Jorge]] era o que mantinha as terras ibéricas protegidas. Quando seu filho Jorge IV (1213–1223) assumiu o reino, frustrou algumas revoltas dos estados vassalos e planejou unir-se aos latinos que na década anterior haviam destruído Constantinopla e saqueado suas igrejas para combater os islâmicos na Palestina. Jorge também havia se aproximado do misticismo, e casou-se irregularmente com uma camponesa. Por suas escolhas, a Geórgia afastou-se das bênçãos de São Jorge.
  
 
Em 1218, o Imperador Maomé II da Corásmia (atual fronteira entre o Turcomenistão e o Usbequistão; 1200–1220) assassinou três mongóis enviados pelo Imperador Gêngis da Mongólia (1206–1227) a fim de fortalecer a diplomacia entre os dois impérios. Gêngis, em contrapartida, enviou um exército de mais de cem mil homens para devastar completamente todas as cidades do império, inclusive sua capital, Gorganche. Maomé conseguiu fugir, mas morreu de inflamação logo após. A brutalidade dessa vingança resultou num dos mais sangrentos massacres da história do mundo.
 
Em 1218, o Imperador Maomé II da Corásmia (atual fronteira entre o Turcomenistão e o Usbequistão; 1200–1220) assassinou três mongóis enviados pelo Imperador Gêngis da Mongólia (1206–1227) a fim de fortalecer a diplomacia entre os dois impérios. Gêngis, em contrapartida, enviou um exército de mais de cem mil homens para devastar completamente todas as cidades do império, inclusive sua capital, Gorganche. Maomé conseguiu fugir, mas morreu de inflamação logo após. A brutalidade dessa vingança resultou num dos mais sangrentos massacres da história do mundo.
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Em 1220, Gêngis enviou os dois generais e vinte mil homens que estavam atrás de Maomé ao oeste do Mar Cáspio para reconhecimento. Quando chegaram a Naquichevão (atual Azerbaijão), derrotaram dez mil guerreiros georgianos e retornaram à Ásia Central. Jorge, que também feriu-se na batalha, uniu-se com alguns generais dos estados vassalos para uma futura emboscada. Os mongóis, entretanto, interceptaram o plano e, recrutando curdos e turcos, atacaram a Geórgia de surpresa no inverno de 1221, e começaram a caçar os camponeses das fronteiras do reino. Quando chegaram a Tiblissi, o exército georgiano conseguiu derrotar os turcos, mas foi massacrado pelos mongóis na retaguarda.
 
Em 1220, Gêngis enviou os dois generais e vinte mil homens que estavam atrás de Maomé ao oeste do Mar Cáspio para reconhecimento. Quando chegaram a Naquichevão (atual Azerbaijão), derrotaram dez mil guerreiros georgianos e retornaram à Ásia Central. Jorge, que também feriu-se na batalha, uniu-se com alguns generais dos estados vassalos para uma futura emboscada. Os mongóis, entretanto, interceptaram o plano e, recrutando curdos e turcos, atacaram a Geórgia de surpresa no inverno de 1221, e começaram a caçar os camponeses das fronteiras do reino. Quando chegaram a Tiblissi, o exército georgiano conseguiu derrotar os turcos, mas foi massacrado pelos mongóis na retaguarda.
  
Após devastarem o sul da Geórgia, os mongóis acamparam no Carabaque (região sul dos atuais Azerbaijão e Armênia) e conquistaram Tabriz (atual noroeste do Irã), mas a cidade conseguiu pagar uma fortuna para não ser aniquilada. De lá, os mongóis aniquilaram as populações de Hamadã, capital da Pérsia, Naquichevão e outras cidades ao sudeste da Geórgia. A essa altura, Jorge já havia recrutado setenta mil guerreiros, e em setembro de 1222 partiu em direção à Pérsia, onde estavam cinco mil guerreiros mongóis. Aquilo, entretanto, era uma emboscada, e outros quinze mil surgiram para lutar contra Jorge. Os georgianos conseguiram fugir, mas Jorge veio a morrer no ano seguinte em decorrência de seus ferimentos nessa guerra, conhecida como Batalha de Cunã.
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Após devastarem o sul da Geórgia, os mongóis acamparam no Carabaque (região sul dos atuais Azerbaijão e Armênia) e conquistaram Tabriz (atual noroeste do Irã), mas a cidade conseguiu pagar uma fortuna para não ser aniquilada. De lá, os mongóis aniquilaram as populações de Hamadã, capital da Pérsia, Naquichevão e outras cidades ao sudeste da Geórgia. A essa altura, Jorge já havia recrutado setenta mil guerreiros, e em setembro de 1222 partiu em direção à Pérsia, onde estavam cinco mil guerreiros mongóis. Aquilo, entretanto, era uma emboscada, e outros quinze mil surgiram para lutar contra Jorge. Os georgianos conseguiram fugir, mas Jorge veio a morrer no ano seguinte em decorrência de seus ferimentos nessa guerra, conhecida como Batalha de Cunã, e foi sepultado no Mosteiro de Gelati no oeste georgiano.
  
 
== Ligações externas ==
 
== Ligações externas ==

Revisão das 04h18min de 26 de maio de 2020

Cem mil mártires de Tblisi na Geórgia.

Os Cem Mil Mártires (georgiano: ასი ათასი მოწამე, asi atasi mots'ame, originalmente, ათნი ბევრნი მოწამენი, at'ni bevrni mots'ameni) são santos da Igreja de Cristo, que foram condenados à morte, de acordo com o Crônica Georgiana do século XIV, por não renunciar o cristianismo diante do sultão Jalal ad-Din Khwarezmid após a captura da capital da Geórgia, Tbilisi, em 1227. A Igreja Ortodoxa, especialmente a Igreja da Geórgia, lembra a memória desses gloriosos mártires em 31 de outubro.

Vida

No século XIII, após o repouso da santa Rainha Tamara da Geórgia (1184–1213), a Era de Ouro Georgiana começou a entrar em declínio. O reino era rodeado de todos os cantos por povos vassalos pagãos e islâmicos, e a grande devoção do povo georgiano a São Jorge era o que mantinha as terras ibéricas protegidas. Quando seu filho Jorge IV (1213–1223) assumiu o reino, frustrou algumas revoltas dos estados vassalos e planejou unir-se aos latinos que na década anterior haviam destruído Constantinopla e saqueado suas igrejas para combater os islâmicos na Palestina. Jorge também havia se aproximado do misticismo, e casou-se irregularmente com uma camponesa. Por suas escolhas, a Geórgia afastou-se das bênçãos de São Jorge.

Em 1218, o Imperador Maomé II da Corásmia (atual fronteira entre o Turcomenistão e o Usbequistão; 1200–1220) assassinou três mongóis enviados pelo Imperador Gêngis da Mongólia (1206–1227) a fim de fortalecer a diplomacia entre os dois impérios. Gêngis, em contrapartida, enviou um exército de mais de cem mil homens para devastar completamente todas as cidades do império, inclusive sua capital, Gorganche. Maomé conseguiu fugir, mas morreu de inflamação logo após. A brutalidade dessa vingança resultou num dos mais sangrentos massacres da história do mundo.

Em 1220, Gêngis enviou os dois generais e vinte mil homens que estavam atrás de Maomé ao oeste do Mar Cáspio para reconhecimento. Quando chegaram a Naquichevão (atual Azerbaijão), derrotaram dez mil guerreiros georgianos e retornaram à Ásia Central. Jorge, que também feriu-se na batalha, uniu-se com alguns generais dos estados vassalos para uma futura emboscada. Os mongóis, entretanto, interceptaram o plano e, recrutando curdos e turcos, atacaram a Geórgia de surpresa no inverno de 1221, e começaram a caçar os camponeses das fronteiras do reino. Quando chegaram a Tiblissi, o exército georgiano conseguiu derrotar os turcos, mas foi massacrado pelos mongóis na retaguarda.

Após devastarem o sul da Geórgia, os mongóis acamparam no Carabaque (região sul dos atuais Azerbaijão e Armênia) e conquistaram Tabriz (atual noroeste do Irã), mas a cidade conseguiu pagar uma fortuna para não ser aniquilada. De lá, os mongóis aniquilaram as populações de Hamadã, capital da Pérsia, Naquichevão e outras cidades ao sudeste da Geórgia. A essa altura, Jorge já havia recrutado setenta mil guerreiros, e em setembro de 1222 partiu em direção à Pérsia, onde estavam cinco mil guerreiros mongóis. Aquilo, entretanto, era uma emboscada, e outros quinze mil surgiram para lutar contra Jorge. Os georgianos conseguiram fugir, mas Jorge veio a morrer no ano seguinte em decorrência de seus ferimentos nessa guerra, conhecida como Batalha de Cunã, e foi sepultado no Mosteiro de Gelati no oeste georgiano.

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