Batismo da Rússia

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Batismo da Rus'.

O Batismo da Rus' é uma Festa e um evento histórico da Igreja Russa. A Festa é celebrada no 1º de agosto, juntamente com a Procissão da Cruz.

História

Essa seção está intimamente ligada com a história do Cerco de Constantinopla de 860. Recomenda-se primeiro ler Teótoco#Transferência do Manto para Blaquerna.

Entre os meses de outubro e novembro de 860, uma delegação russa chegou em Constantinopla para finalizar um tratado “em amor e paz”. Algumas das condições do tratado de paz incluíam artigos sobre o Batismo da Rus' Quievana, um imposto anual exigido pela Rus', permissão para servir o exército bizantino, um acordo de comércio dentro do território do Império e uma missão diplomática a Bizâncio. Em Teófanes Continuado, o continuador relata que a delegação havia chegado em Constantinopla pedindo que recebessem o santo Batismo, o qual foi cumprido.

Uma missão foi enviada a Quieve para cumprir esse desejo mútuo. É importante destacar que cinco anos antes, em 855, São Cirilo, o Filósofo, já havia criado o alfabeto eslavônico e traduzido o Evangelho. Ele e seu irmão, São Metódio, foram enviados nessa missão, com livros já em eslavônico. Os irmãos passaram o inverno de 860–861 em Quersoneso e a primavera de 861 no Rio Dniepre com o Príncipe Ascoldo.

O príncipe estava diante de uma difícil escolha, a mesma que o Santo Príncipe Vladimir: tanto os judeus como os muçulmanos queriam que ele aceitasse a fé deles. Mas, sob influência de São Cirilo, o príncipe escolheu Cristo. No final daquele ano, São Cirilo e São Metódio voltaram para Constantinopla, levando consigo cartas do príncipe ao Imperador Miguel II (842–867). Ascoldo agradeceu o imperador por ter mandado “tão grandes homens, que demonstraram, em palavra e exemplo, que a Fé cristã é sagrada”. “Convencidos que essa é a verdadeira Fé, fomos batizados na esperança de alcançarmos a santidade. Nós todos somos amigos de vosso Reino, e preparados a servir para vós, como solicitado.” Ascoldo foi batizado com o nome de Nicolau, e muitos de seu cortejo também foram batizados. De Constantinopla, pelos esforços dos santos Apóstolos aos Eslavos, tanto os serviços divinos como a língua eslavônica chegaram na Rus'.

São Fócio, Patriarca de Constantinopla (858–867, 877–886), designou o Metropolita Miguel a Quieve, e o distrito metropolitano russo entrou na lista de dioceses do Patriarcado de Constantinopla. O patriarca, numa encíclica do ano de 867, enumera o Batismo dos Búlgaros e dos Russos entre os maiores feitos de seu serviço arquipastoral:

“Os russos, que levantaram a mão contra o poderio romano, agora trocaram os ímpios ensinamentos que tinham anteriormente pela pura e genuína Fé cristã, e com amor entraram como nossos amigos e súditos. O desejo e zelo da fé incendiaram-se dentro deles de tal forma que aceitaram bispos e pastores nossos, e abraçaram a santidade cristã com grande zelo e fervor.”

A tentativa do Príncipe Ascoldo de renovar o evangelismo iniciado pelo Santo Apóstolo André, desejada por ele como uma reforma religiosa e de Estado, terminou terrivelmente mal. A hora de difundir o cristianismo no território russo ainda não havia chegado. Os aderentes do paganismo eram muito fortes, e seu poder como príncipe era muito fraco. No conflito entre Ascoldo e o pagão Olegue (882–912), os quievanos traíram seu príncipe. Ascoldo, seduzido a entrar no acampamento de seus inimigos para dialogar com eles, recebeu a coroa do martírio na mão de mercenários.

As mais antigas crônicas de Quieve preservaram a memória do primeiro príncipe quievano cristão — a Igreja do Profeta Elias, construída por Ascoldo e mais tarde mencionada no Tratado Russo-Bizantino do Príncipe Igor I (912–945) de 944, existe até os dias atuais, embora tenha sido reconstruída. Em seu túmulo, a Santa Princesa Olga (945–960) construiu a Igreja de São Nicolau, o Taumaturgo.

Não são apenas fontes bizantinas que relatam os eventos do ano de 860, mas também as crônicas russas. São Nestor, o Cronista, ressaltando a significância do cerco, observa que só a partir de então aquela região começou a ser chamada de “terras russas”. Certas crônicas, entre elas as de Ioanikov e Nikonov, preservaram relatos do batismo do Príncipe Ascoldo e da Rus' Quievana após a campanha contra Constantinopla. A celebração popular desse evento está firmemente associada aos nomes dos príncipes quievanos Ascoldo e Dir, embora historiadores afirmem que o principado de Dir tenha acontecido antes do de Ascoldo.

Recomenda-se em seguida ler o artigo sobre Vladimir I de Quieve, o santo batizador e Igual-aos-Apóstolos da Rus', que conclui o processo de Batismo da nação.

Ligações externas