Arsênios da Capadócia

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Santo Arsênios da Capadócia

Santo Arsênios da Capadócia ou Arsênio da Capadócia (em grego: Άγιος Ἀρσένιος ὁ Καππαδόκης, 1840–1924), foi um hieromonge da região de Farasa na Capadócia, responsável também por educar e alfabetizar inúmeras famílias e crianças. Santo Arsênios é conhecido também por ser o padrinho e pai espiritual de São Paísios. Foi glorificado em 1986. Sua festa é comemorada em 10 de novembro.

Vida

Família e primeiros anos

Santo Arsênios nasceu em 1840. A riqueza de sua família era abundante em virtudes, porém materialmente era modesta. Seu pai, Eleutério Annitsalichos, era professor, e se casou com Barbara (ou Varvara) Tsaparis, com quem teve dois filhos: Vlasios e Theodoros (mais tarde, Ancião Arsênios). O casal foi chamado para junto do Senhor quando os filhos eram ainda muito jovens, e os pequenos órfãos ficaram sob os cuidados de uma tia, que vivia em Farasa.

Certo dia, Vlasios convidou seu irmão mais novo para ir com ele a um terreno de seus pais. No caminho, precisaram atravessar uma perigosa torrente de água, chamada Evkasis. Apesar de seus cuidados, Theodoros foi arrastado pelas águas e levado para longe de seu irmão. Em lágrimas, Vlasios suplicou a ajuda de São Jorge, santo a quem era devoto. Vlasios chorava e pedia as intercessões do vitorioso santo, sentindo-se profundamente culpado por ter colocado seu irmão mais novo em perigo. Quando menos esperava, Theodoros surgiu ao seu lado, repleto de alegria e ansioso para contar ao irmão como um cavaleiro, vestido como um monge, aparecera no meio da torrente, salvo-o da água e o colocou sobre seu cavalo. Daquele dia em diante, Theodoros decidiu que também se tornaria monge. O acontecimento também teve um profundo impacto sobre Vlasios, que se dedicou cada vez mais ao Senhor: tornou-se professor de música bizantina, usando de sua voz e conhecimentos para glorificar a Deus, e anos mais tarde foi viver em Constantinopla.

Estudos e vocação para a docência

Quando Theodoros já estava um tanto mais velho, sua tia o enviou para outra cidade, a fim de que completasse seus estudos sob orientação e cuidados da família paterna. Ao finalizar o ensino básico, sua inteligência e dedicação convenceram a família de investir nele para que tivesse também o ensino superior. Assim, Theodoros foi enviado para Esmirna. Durante as férias, Theodoros voltava para Farasa. No entanto, não queria descansar, senão que reunir os mais jovens, especialmente as crianças, e ensiná-los a ler e escrever. Encontrava seu descanso em educar os mais novos, apresentando-lhes os textos litúrgicos. Alfabetizá-las não era tarefa fácil, afinal, as crianças raramente tinham contato com um professor e não sabiam como se comportar. Theodoros era persistente e firme em seus propósitos, e continuou a ensiná-las com amor e paciência.

Em um de seus retornos a Farasa, Theodoros percebeu que sua tia estava arranjando um casamento para ele, contra a sua vontade. Porém, sua vocação monástica já era conhecida até mesmo entre as moças. "Sugeri à Vasiliki, filha de Ambaroglis, que vocês se casassem, e ela respondeu: 'Theodoros é ótimo, bem educado e de boa família, mas ele é um monge. Você quer que eu case com um monge?!'". Ao ouvir isso, Theodoros ficou profundamente chateado com sua tia e a respondeu: "Até mesmo estranhos perceberam que eu serei um monge! Por que só você não percebeu ainda?!". Depois disso, quis voltar para Esmirna imediatamente.

Vida monástica e sacerdócio

Além de se aprofundar no estudo de grego e teologia, Theodoros aprendeu também as línguas armênia, turca e francesa. Finalizados os seus estudos em Esmirna, voltou para sua cidade a fim de se despedir de seus familiares e foi para Cesareia. Aos vinte e seis anos, foi para um mosteiro, dedicado a São João Batista, e então tonsurado monge sob o nome de Arsênios.

Santo Arsênios pôde aproveitar a tranquilidade do mosteiro por pouco tempo. Havia uma grande demanda por professores e o Metropolita Paísios II de Cesareia, ordenou-o diácono e o enviou para Farasa, a fim de que alfabetizasse e educasse crianças carentes e órfãos. Apesar de jovem, Santo Arsênios demonstrava discernimento e sabedoria desde seus primeiros anos de sacerdócio. Seu zelo e dedicação com o seu rebanho eram exemplares.

Em meio aos tempos difíceis de perseguição turca, Santo Arsênios encontrou uma forma de educar as crianças sem chamar atenção dos perseguidores: em vez de mesas e cadeiras, sua escola tinha tapetes feitos com peles de cabra ou de ovelha, em que os alunos podiam ajoelhar para acompanhar as aulas. Dessa maneira, quem os via de longe pensava que estavam em oração. Outras vezes, o ancião Arsênios reunia as crianças numa escola secreta, dentro de uma capela dedicada à Panagia, que ficava em uma caverna no alto de um penhasco.

Até os trinta anos, serviu e ensinou como diácono. Então, foi ordenado ao sacerdócio em Cesareia, com o título de arquimandrita e permissão para ser pai espiritual e confessor. Após a ordenação, Santo Arsênios peregrinou na Terra Santa e voltou à Farasa.

Ao retornar, seus trabalhos espirituais foram intensificados e passaram a se espalhar. Santo Arsênios visitava vilarejos vizinhos e outras cidades em busca de contribuições e, principalmente, de contato com cristãos ortodoxos. Eram tempos difíceis para os cristãos gregos e o ancião propiciava a eles conforto espiritual através de suas palavras. A maior de suas contribuições provinha da Graça Divina que dele emanava: o ancião Arsênios é um verdadeiro médico das almas e corpos dos que sofrem, e aqueles que presenciavam seus feitos tinham também restauradas a própria fé.

Pós-vida