Apóstolo Tito

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O Santo Apóstolo Tito (séc. II) foi um dos setenta discípulos, ordenado fundador da Igreja de Creta pelo santo Apóstolo Paulo. Sua memória é celebrada pela Igreja no dia 25 de agosto, em 15 de maio pela transladação de suas relíquias e 4 de janeiro na Sinaxe dos Setenta Apóstolos.

Vida

Tito nasceu no início do século I na ilha de Creta, filho de uma nobre família pagã. Em sua juventude, Tito dedicou-se à Filosofia helenística e aos poetas clássicos. Amante da ciência, o jovem levava uma vida virtuosa, não se entregando aos vícios e às paixões comuns à maioria dos pagãos, além de nunca ter ido atrás de mulher alguma como companhia. Suas virtudes não passaram despercebidas a Deus e, aos vinte anos de idade, Tito ouviu uma voz em um sonho, pedindo que largasse a sabedoria dos gregos — a qual jamais traria a salvação à sua alma — e buscasse a que pudesse salvá-lo do mundo.

Tito, então, aprofundou-se nos livros dos santos profetas de Deus, e familiarizou-se com os seus ensinamentos. Depois de um ano estudando as Escrituras dos judeus, o jovem encontrava-se lendo o Livro do Profeta Isaías quando, ao ler seu quadragésimo sétimo capítulo, enxergou sua própria vida espiritual naquelas palavras. A cada capítulo que lia, mais e mais aumentava seu desejo pela salvação.

Quando as notícias de que um grande profeta operava milagres na Palestina chegaram à ilha, Tito implorou ao seu tio, então governador de Creta, e este arranjou-lhe uma embarcação rumo à Terra Santa. Quando chegou lá, correu em busca do profeta, e finalmente encontrou-o. Era o próprio Senhor, Jesus Cristo, que ensinava nos templos dos judeus e repreendia a corrupção de Seu povo. Tito fascinou-se com sua pregação, e não quis mais voltar a Creta, mas sim segui-Lo por toda a Sua vida.

De fato, mesmo após a Crucificação de Jesus e Sua gloriosa Ascensão aos Céus, Tito permaneceu com os outros discípulos, e foi digno de presenciar o dom do Espírito de Deus descendo aos Doze Apóstolos no dia de Pentecostes e ouvi-los falar, dentre outras, na língua cretense. Tito recebeu o Santo Batismo através de São Paulo, e acompanhou-o em suas jornadas missionárias na Anatólia e na Grécia, cumprindo as tarefas a ele designadas.

Quando reencontrou-se com São Paulo na Macedônia, este alegrou-se muito por poder revê-lo, e escreveu a Segunda Epístola aos Coríntios, a qual Tito levou de volta à Acaia. Ao se reencontrarem em Corinto, Tito foi encarregado da coleta de esmolas aos cristãos em Jerusalém. Após retornar do (primeiro) cárcere em Roma, São Paulo partiu a Creta para instruir os cristãos de lá, e pediu para que Tito ficasse na ilha, onde foi feito primeiro Bispo de Creta. Noutras ocasiões, Tito deixou Creta temporariamente para acompanhá-lo na Dalmácia (atual Sérvia e Albânia).

Em 65, pouco antes de ser novamente encarcerado em Roma e ser martirizado pelo Imperador Nero (54–68), São Paulo compôs uma epístola ao bispo, incluída no cânone bíblico como “Epístola a Tito”, instruindo-o a como um hierarca deveria se portar e a conduta moral a qual sua Igreja deveria seguir. Tito acompanhou o apóstolo na prisão, e voltou a Creta após seu martírio.

São Tito foi um guia pacífico ao seu rebanho e perseverante na conversão dos pagãos, e foi agraciado com o dom da taumaturgia. Certa vez, durante a Nemorália em agosto, quando os pagãos adoravam a deusa Diana, o santo hierarca orava incessantemente para que o Senhor mostrasse-os a ilusão pela qual estavam submetidos. Então, o ídolo de Diana começou a tremer, e quebrou-se em cacos perante os olhos de todos. Outra vez, enquanto os pagãos construíam um templo a Zeus, as orações de São Tito fizeram com que o templo desmoronasse. Nesses e em vários outros milagres, São Tito trouxe à Fé inúmeros pagãos cretenses, e foi concedido que vivesse até os noventa e sete anos de idade, adentrando o Reino dos Céus pacificamente em 105, durante a Perseguição do Imperador Trajano (98–117).

Referências

  • São Nicodemos, o Hagiorita (1819). Sinaxário dos doze meses do ano. Tomo segundo.
  • São Demétrio, Arcebispo de Rostóvia (1906). A vida dos santos. Livro XII.
  • São Nicolau, Bispo de Ócrida (2002). O prólogo de Ócrida. Volume segundo.

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