Ágata de Catânia

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Santa Ágata de Catânia

A Santa Virgem e Mártir Ágata de Catânia (ou de Palermo, ou ainda da Sicília) foi martirizada durante a Perseguição de Décio, e é comemorada pela Igreja no dia 5 de fevereiro.

Vida

Ágata nasceu no século III, no final do reinado do Imperador Severo Alexandre (222–235), filha de ricos e ilustres pais cristãos na cidade de Palermo na Sicília, mas em sua infância mudou-se com sua família para o outro lado da ilha, em Catânia. A jovem garota era dotada de uma beleza ímpar e de uma irrepreensível virgindade, além de uma piedosa alma voluntariamente consagrada ao Senhor. Era 249 quando o Imperador Filipe I (244–249) foi assassinado por seu cônsul Décio (249–251), e este assumiu para si o império. Em janeiro do ano seguinte, Décio decretou que todo o império oferecesse sacrifício aos ídolos para o bem-estar do imperador.

A sábia Ágata, ainda em seus quinze anos de idade, negou-se a comparecer perante o prefeito de Catânia, Quinciano, e logo foi levada pelos soldados até ele. Em julgamento, Ágata corajosamente confessou-se cristã, e negou-se a oferecer sacrifício aos ídolos. Devido à beleza que a jovem trazia consigo e a condição de sua família como nobres, Quinciano negou quaisquer condenações, propondo a virgem em casamento para obter a si ainda mais possessões.

Ela negou, e o prefeito decidiu somente enviá-la à casa de Afrodísia, uma rica mulher pagã que tinha cinco filhas. Todas elas tentaram Ágata com elegantes roupas, distrações e entretenimento, insistindo que ela oferecesse sacrifício aos deuses pagãos, mas a confessora desprezou todas essas coisas. Quanto mais tentavam propô-la, mais ela tornava-se resoluta de sua escolha. Ágata orava incessantemente para que pudesse ser contada dentre as testemunhas de Jesus Cristo em breve.

Após um mês de muito tentar e nada conseguir, Afrodísia voltou ao prefeito, relatando sua inabalável Fé em Cristo e argumentando que seria mais fácil transformar ferro em ouro do que fazê-la trair seu Senhor. Novamente levada à interrogação sob Quinciano, a santa confessora não se deixou influenciar nem pelas lisonjas oferecidas e nem pelas ameaças. O prefeito questionou: “Sendo tu da nobreza, por que te comportas como uma escrava?” E ela sabiamente respondeu-lhe: “Porque sou escrava de Cristo, e os escravos de Cristo são em verdade os mais livres de toda a criação, pois adquiriram o pleno domínio de si mesmos através de Sua graça.” Ela continuou, e zombou dos deuses a quem ele a incitava a adorar. Então, o prefeito esbofeteou seu rosto e ordenou que a virgem fosse levada à prisão.

No dia seguinte, Ágata voltou ao julgamento, e Quinciano ordenou que ela sacrificasse caso quisesse salvar sua vida. A isso, a jovem retrucou que somente através de Cristo, Filho do Deus Vivo, alguém poderia obter a salvação. Em fúria, o prefeito ordenou que amarrassem-na pelas mãos e pelos pés numa estaca, e que fosse espancada sem misericórdia pelos carrascos. Quando começou a derramar seu sangue, os carrascos pegaram em garras de ferro e rasgaram seu corpo. Em seguida, queimaram seus cortes com tochas incandescentes.

Mesmo banhada em sangue, a virgem exclamava à fúria do prefeito: “Grande alegria são para mim essas torturas! O milho não chega ao celeiro antes que seja ceifado e debulhado, e assim minha alma não alcançará a bem-aventurança eterna antes de ser separada pelos sofrimentos do meu corpo!” Então, os carrascos esfaquearam seu tórax até sua carne começar a cair no chão junto de seu sangue. Quando já estava sem forças e quase sem vida, foi jogada na prisão.

Naquela noite, o santo Apóstolo Pedro milagrosamente apareceu a ela junto de seu Anjo da Guarda em sua cela, e curou completamente seus ferimentos, deixando-a exatamente como estava antes das torturas. Então, ascendeu aos Céus. Isso fortaleceu ainda mais seu desejo por Cristo, e a jovem falava com Ele e com seus santos através de suas orações o tempo todo. Quando foi levada novamente em julgamento, Quinciano espantou-se pela virgem estar completamente curada, sem nem marcas de cortes, e sua ilusão fê-lo acreditar que haviam invocado um feitiço sobre ela.

Santa Ágata, então, foi jogada numa fogueira de tijolos e cacos. Não tardou, porém, até que um grande terremoto atingisse a cidade, e muitas construções desabaram. Entre os mortos, estavam dois dos conselheiros de Quinciano. Os habitantes, aterrorizados, invadiram o pretório e ameaçaram por fogo em Quinciano caso não libertasse Ágata de suas torturas. Sem ter para onde ir, o prefeito a tirou das chamas e pôs a virgem de volta à prisão. Lá, a mártir, dando graças a Deus, implorou ao Senhor, que havia lhe concedido a graça da perseverança sob as torturas, que agora lhe concedesse ver a glória de Seu Rosto. Foi assim que, aos quinze anos de idade, Santa Ágata rendeu sua alma ao Senhor, e por seu Noivo foi coroada no Reino dos Céus.

Hinos

Tropário

(Tradução livre)

Tua cordeira Ágata, ó Jesus, /
clama por Ti em alta voz: /
“Eu Te amo, meu Noivo, /
“e buscando a Ti, suportei o sofrimento. /
“No Batismo fui crucificada para que pudesse reinar em Ti, /
“e padeci para que pudesse viver junta de Ti. /
“Aceita-me como um sacrifício puro, /
“pois ofereci-me em amor.” /
Por suas orações, ó Senhor misericordioso, /
tem piedade de nós e salva-nos.

Outro tropário

(Tradução livre)

Tu foste como uma flor perfumada de virgindade, /
e uma noiva sem mácula perante o Salvador de todos. /
Desejando a Fonte de todo o bem, tu excedeste o martírio. /
Ó gloriosa Ágata, intercede com tuas santas orações /
por todos os que afetuosamente honram a tua vitória.

Condáquio

(Tradução livre)

Nós, fiéis, vistamo-nos hoje da gloriosa púrpura, /
tingida com o puro sangue da santa Mártir Ágata. /
E a ela clamemos: “Alegra-te, ó orgulho de Catânia!”

Louvor

(Por São Nicolau, Bispo de Ócrida, em tradução livre)

Sombria é a masmorra, mas radiante é a mártir. /
Em meio das trevas, Ágata, a santa, resplandece. /
Sobre o pátio da masmorra, repleto de luz, /
ali vive o algoz, encoberto pela vergonha, /
planejando novas torturas para a virgem Ágata. /
Ele atormenta-se e contempla, cego em meio à luz. /
Radiante é a masmorra para aquela que noiva-se com Cristo, /
mas desesperador é o palácio para o adversário da justiça!

Referências

  • São Nicodemos, o Hagiorita (1819). Sinaxário dos doze meses do ano. Tomo I.
  • São Demétrio, Arcebispo de Rostóvia (1906). A vida dos santos. Livro VI.
  • São Nicolau, Bispo de Ócrida (2002). O prólogo de Ócrida. Volume I.

Ligações externas