Diferenças entre edições de "Ágata de Catânia"

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Quando souberam da notícia, todos os cristãos da cidade correram até a prisão com mirra e perfumes para seu enterro. Assim que depositaram o corpo de Santa Ágata no sarcófago púrpura, seu Anjo da Guarda tomou a forma de uma radiante criança e correu ao túmulo com uma placa, que dizia: “Santa e devota alma. Honra de Deus. Proteção da terra.” Por toda a cidade, podia-se ver crianças em vestes brancas. Logo em seguida, o anjo e as centenas de crianças desapareceram perante todos. Quanto ao perverso prefeito, ele continuou governando por algumas semanas, até ser jogado de sua carruagem em um rio pelos seu cavalos e morrer afogado, à espera da condenação eterna.
 
Quando souberam da notícia, todos os cristãos da cidade correram até a prisão com mirra e perfumes para seu enterro. Assim que depositaram o corpo de Santa Ágata no sarcófago púrpura, seu Anjo da Guarda tomou a forma de uma radiante criança e correu ao túmulo com uma placa, que dizia: “Santa e devota alma. Honra de Deus. Proteção da terra.” Por toda a cidade, podia-se ver crianças em vestes brancas. Logo em seguida, o anjo e as centenas de crianças desapareceram perante todos. Quanto ao perverso prefeito, ele continuou governando por algumas semanas, até ser jogado de sua carruagem em um rio pelos seu cavalos e morrer afogado, à espera da condenação eterna.
  
No 5 de fevereiro do ano seguinte, o maior vulcão de toda a Itália insular, o Monte Etna em Catânia, irrompeu, e a cidade estava à beira de ser engolida pela lava. Todos, inclusive os pagãos, correram ao túmulo da santa e carregaram-no por toda a cidade até as proximidades do vulcão, como se fosse um escudo. Milagrosamente, quando o rio de lava estava a poucos metros do túmulo, uma barreira invisível conteve o magma, até o fim da erupção. Com isso, toda a cidade foi salva. Esse milagre repetiu-se várias vezes nos séculos que se seguiram, e por isso Santa Ágata é fervorosamente venerada em Catânia como padroeira da cidade.
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No 5 de fevereiro do ano seguinte, o maior vulcão de toda a Itália insular, o Monte Etna em Catânia, irrompeu, e a cidade estava à beira de ser engolida pela lava. Todos, inclusive os pagãos, correram ao túmulo da santa e levantaram o manto de seda que o cobria, como se fosse um escudo. Milagrosamente, quando o rio de lava estava a poucos metros do túmulo, uma barreira invisível conteve o magma, até o fim da erupção. Com isso, toda a cidade foi salva. Esse milagre repetiu-se várias vezes nos séculos que se seguiram, e por isso Santa Ágata é fervorosamente venerada em Catânia como padroeira da cidade.
  
 
Na década seguinte, durante a era de São Dionísio, Papa de Roma (259–268), um pequeno santuário foi erguido em honra a Santa Ágata sobre as ruínas do pretório de Catânia, onde Ágata fora torturada. No século seguinte, sob São Dâmaso I, Papa de Roma (366–384), deu-se início à construção de uma catedral para a então Diocese de Catânia nas proximidades do santuário, que só foi concluída no século V sob São Sisto III, Papa de Roma (432–440). Foi nesse santuário em que residiram as relíquias incorruptas de Santa Ágata, e até hoje seu sarcófago está guardado no santuário. Nos séculos seguintes, novas reformas tornaram a catedral ainda maior.
 
Na década seguinte, durante a era de São Dionísio, Papa de Roma (259–268), um pequeno santuário foi erguido em honra a Santa Ágata sobre as ruínas do pretório de Catânia, onde Ágata fora torturada. No século seguinte, sob São Dâmaso I, Papa de Roma (366–384), deu-se início à construção de uma catedral para a então Diocese de Catânia nas proximidades do santuário, que só foi concluída no século V sob São Sisto III, Papa de Roma (432–440). Foi nesse santuário em que residiram as relíquias incorruptas de Santa Ágata, e até hoje seu sarcófago está guardado no santuário. Nos séculos seguintes, novas reformas tornaram a catedral ainda maior.

Revisão das 21h18min de 29 de maio de 2020

Santa Ágata de Catânia

A Santa Virgem e Mártir Ágata de Catânia (ou de Palermo, ou ainda da Sicília) foi martirizada durante a Perseguição de Décio, e é comemorada pela Igreja no dia 5 de fevereiro.

Vida

Ágata nasceu no século III, no final do reinado do Imperador Severo Alexandre (222–235), filha de ricos e ilustres pais cristãos na cidade de Palermo na Sicília, mas em sua infância mudou-se com sua família para o outro lado da ilha, em Catânia. A jovem garota era dotada de uma beleza ímpar e de uma irrepreensível virgindade, além de uma piedosa alma voluntariamente consagrada ao Senhor. Era 249 quando o Imperador Filipe I (244–249) foi assassinado por seu cônsul Décio (249–251), e este assumiu para si o império. Em janeiro do ano seguinte, Décio decretou que todo o império oferecesse sacrifício aos ídolos para o bem-estar do imperador.

A sábia Ágata, ainda em seus quinze anos de idade, negou-se a comparecer perante o prefeito de Catânia, Quinciano, e logo foi levada pelos soldados até ele. Em julgamento, Ágata corajosamente confessou-se cristã, e negou-se a oferecer sacrifício aos ídolos. Devido à beleza que a jovem trazia consigo e a condição de sua família como nobres, Quinciano negou quaisquer condenações, propondo a virgem em casamento para obter a si ainda mais possessões.

Ela negou, respondendo que já havia sido noivada e não trairia ao seu Noivo no Céu. O prefeito insistiu, e decidiu somente enviá-la à casa de Afrodísia, uma rica mulher pagã que tinha cinco filhas. Todas elas tentaram Ágata com elegantes roupas, distrações e entretenimento, insistindo que ela oferecesse sacrifício aos deuses pagãos, mas a confessora desprezou todas essas coisas. Quanto mais tentavam propô-la, mais ela tornava-se resoluta de sua escolha. Ágata orava incessantemente para que pudesse ser contada dentre as testemunhas de Jesus Cristo em breve.

Após um mês de muito tentar e nada conseguir, Afrodísia voltou ao prefeito, relatando sua inabalável Fé em Cristo e argumentando que seria mais fácil transformar ferro em ouro do que fazê-la trair seu Senhor. Novamente levada à interrogação sob Quinciano, a santa confessora não se deixou influenciar nem pelas lisonjas oferecidas e nem pelas ameaças. O prefeito questionou: “Sendo tu da nobreza, por que te comportas como uma escrava?” E ela sabiamente respondeu-lhe: “Porque sou escrava de Cristo, e os escravos de Cristo são em verdade os mais livres de toda a criação, pois adquiriram o pleno domínio de si mesmos através de Sua graça.” Ela continuou, e zombou dos deuses a quem ele a incitava a adorar. Então, o prefeito esbofeteou seu rosto e ordenou que a virgem fosse levada à prisão.

No dia seguinte, Ágata voltou ao julgamento, e Quinciano ordenou que ela sacrificasse caso quisesse salvar sua vida. A isso, a jovem retrucou que somente através de Cristo, Filho do Deus Vivo, alguém poderia obter a salvação. Em fúria, o prefeito ordenou que amarrassem-na pelas mãos e pelos pés numa estaca, e que fosse espancada e açoitada sem misericórdia pelos carrascos. Quando começou a derramar seu sangue, os carrascos pegaram em garras de ferro e rasgaram seu corpo. Em seguida, queimaram seus cortes com tochas incandescentes.

Mesmo banhada em sangue, a virgem exclamava à fúria do prefeito: “Grande alegria são para mim essas torturas! O milho não chega ao celeiro antes que seja ceifado e debulhado, e assim minha alma não alcançará a bem-aventurança eterna antes de ser separada pelos sofrimentos do meu corpo!” Então, os carrascos esfaquearam seu tórax até sua carne começar a cair no chão junto de seu sangue. Quando já estava sem forças e quase sem vida, foi jogada na prisão.

Naquela noite, o santo Apóstolo Pedro milagrosamente apareceu a ela junto de seu Anjo da Guarda em sua cela, e curou completamente seus ferimentos, deixando-a exatamente como estava antes das torturas. Então, ascendeu aos Céus. Isso fortaleceu ainda mais seu desejo por Cristo, e a jovem falava com Ele e com seus santos através de suas orações o tempo todo. Quando foi levada novamente em julgamento, Quinciano espantou-se pela virgem estar completamente curada, sem nem marcas de cortes, e sua ilusão fê-lo acreditar que haviam invocado um feitiço sobre ela.

Santa Ágata, então, foi jogada numa fogueira de tijolos e cacos. Não tardou, porém, até que um grande terremoto atingisse a cidade, e muitas construções desabaram. Entre os mortos, estavam dois dos conselheiros de Quinciano. Os habitantes, aterrorizados, invadiram o pretório e ameaçaram por fogo em Quinciano caso não libertasse Ágata de suas torturas. Sem ter para onde ir, o prefeito a tirou das chamas e pôs a virgem de volta à prisão. Lá, a mártir, dando graças a Deus, implorou ao Senhor, que havia lhe concedido a graça da perseverança sob as torturas, que agora lhe concedesse ver a glória de Seu Rosto. Foi assim que, em 5 de fevereiro de 250, aos quinze anos de idade, Santa Ágata rendeu sua alma ao Senhor, e por seu Noivo foi coroada no Reino dos Céus.

Pós-vida

Catedral de Santa Ágata em Catânia.

Quando souberam da notícia, todos os cristãos da cidade correram até a prisão com mirra e perfumes para seu enterro. Assim que depositaram o corpo de Santa Ágata no sarcófago púrpura, seu Anjo da Guarda tomou a forma de uma radiante criança e correu ao túmulo com uma placa, que dizia: “Santa e devota alma. Honra de Deus. Proteção da terra.” Por toda a cidade, podia-se ver crianças em vestes brancas. Logo em seguida, o anjo e as centenas de crianças desapareceram perante todos. Quanto ao perverso prefeito, ele continuou governando por algumas semanas, até ser jogado de sua carruagem em um rio pelos seu cavalos e morrer afogado, à espera da condenação eterna.

No 5 de fevereiro do ano seguinte, o maior vulcão de toda a Itália insular, o Monte Etna em Catânia, irrompeu, e a cidade estava à beira de ser engolida pela lava. Todos, inclusive os pagãos, correram ao túmulo da santa e levantaram o manto de seda que o cobria, como se fosse um escudo. Milagrosamente, quando o rio de lava estava a poucos metros do túmulo, uma barreira invisível conteve o magma, até o fim da erupção. Com isso, toda a cidade foi salva. Esse milagre repetiu-se várias vezes nos séculos que se seguiram, e por isso Santa Ágata é fervorosamente venerada em Catânia como padroeira da cidade.

Na década seguinte, durante a era de São Dionísio, Papa de Roma (259–268), um pequeno santuário foi erguido em honra a Santa Ágata sobre as ruínas do pretório de Catânia, onde Ágata fora torturada. No século seguinte, sob São Dâmaso I, Papa de Roma (366–384), deu-se início à construção de uma catedral para a então Diocese de Catânia nas proximidades do santuário, que só foi concluída no século V sob São Sisto III, Papa de Roma (432–440). Foi nesse santuário em que residiram as relíquias incorruptas de Santa Ágata, e até hoje seu sarcófago está guardado no santuário. Nos séculos seguintes, novas reformas tornaram a catedral ainda maior.

Após a queda da Itália para os godos, na era de São Gregório, o Grande, Papa de Roma (590–604), uma porção das relíquias de Santa Ágata foram transladadas à Igreja de Santa Ágata dos Godos em Roma, resgatada pelo próprio papa das mãos dos heréticos antitrinitários arianos e consagrada por ele com as relíquias da santa. São Gregório também presenteou um mosteiro na ilha de Cápri na Campânia com algumas das relíquias. Posteriormente, aquela igreja em Roma abrigou um mosteiro beneditino.

No século IX, sob o iconoclasta Imperador Miguel II (820–829), uma grande conspiração surgiu ao redor de Eufêmio, eparca do tema, que aparentemente haveria forçado uma monja a casar-se com ele. Quando o imperador publicou seu mandato de prisão, Eufêmio navegou ao Emirado da Ifríquia (atual Tunísia) e ajudou os islâmicos a conquistarem toda a ilha da Sicília, tornando-a num emirado muçulmano. Foi somente no século XI, sob o Imperador Miguel IV (1034–1041), que as relíquias de Santa Ágata puderam ser resgatadas dos islâmicos, e foram transferidas para a Basílica de Santa Sofia, em Constantinopla. Cabe dizer que Constantinopla já possuía algumas relíquias da santa doadas por Roma no século X.

Após o Grande Cisma, dois soldados italianos invadiram a Basílica de Santa Sofia, cortaram o corpo de Santa Ágata em cinco pedaços e levaram-no de volta à Sicília. De lá, seu corpo foi partido em diversos pedaços, e enviados para toda a Europa, desde a Alemanha até a Espanha. Felizmente, o crânio de Santa Ágata conseguiu ser salvo no Mosteiro de São Paulo, na Montanha Santa. Outros mosteiros na Grécia, onde sua devoção é bem grande, possuem algumas de suas relíquias também. Além de igrejas por todas as terras helênicas, a baía de Caraci na ilha de Rodes, uma das praias mais límpidas da Grécia, é consagrada a Santa Ágata. Lá, o vilarejo de pescadores recebe milagres da santa desde o século XIV, onde ela é venerada numa igreja na caverna.

Hinos

Tropário

(Tradução livre)

Tua cordeira Ágata, ó Jesus, /
clama por Ti em alta voz: /
“Eu Te amo, meu Noivo, /
“e buscando a Ti, suportei o sofrimento. /
“No Batismo fui crucificada para que pudesse reinar em Ti, /
“e padeci para que pudesse viver junta de Ti. /
“Aceita-me como um sacrifício puro, /
“pois ofereci-me em amor.” /
Por suas orações, ó Senhor misericordioso, /
tem piedade de nós e salva-nos.

Outro tropário

(Tradução livre)

Tu foste como uma flor perfumada de virgindade, /
e uma noiva sem mácula perante o Salvador de todos. /
Desejando a Fonte de todo o bem, tu excedeste o martírio. /
Ó gloriosa Ágata, intercede com tuas santas orações /
por todos os que afetuosamente honram a tua vitória.

Condáquio

(Tradução livre)

Nós, fiéis, vistamo-nos hoje da gloriosa púrpura, /
tingida com o puro sangue da santa Mártir Ágata. /
E a ela clamemos: “Alegra-te, ó orgulho de Catânia!”

Louvor

(Por São Nicolau, Bispo de Ócrida, em tradução livre)

Sombria é a masmorra, mas radiante é a mártir. /
Em meio das trevas, Ágata, a santa, resplandece. /
Sobre o pátio da masmorra, repleto de luz, /
ali vive o algoz, encoberto pela vergonha, /
planejando novas torturas para a virgem Ágata. /
Ele atormenta-se e contempla, cego em meio à luz. /
Radiante é a masmorra para aquela que noiva-se com Cristo, /
mas desesperador é o palácio para o adversário da justiça!

Referências

  • São Nicodemos, o Hagiorita (1819). Sinaxário dos doze meses do ano. Tomo I.
  • São Demétrio, Arcebispo de Rostóvia (1906). A vida dos santos. Livro VI.
  • São Nicolau, Bispo de Ócrida (2002). O prólogo de Ócrida. Volume I.

Ligações externas