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Xenofonte de Constantinopla

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“Deus seja louvado, meu filho, segue-me.” E levou-o à Lavra de São Caritão, no deserto da Judeia. Lá, Arcádio foi tonsurado monge e recebeu a antiga cela de um grande Pai do Deserto que lutou durante cinquenta anos. O ancião viveu com Arcádio durante um ano, ensinando-o a combater os inimigos invisíveis, e então partiu para o deserto, com a promessa que tornaria a vê-lo após três anos. Arcádio, por sua vez, cumpriu fielmente a regra dada pelo ancião, e labutou dia e noite em serviço a Deus.
 
Passados dois anos do naufrágio e não tendo recebido uma só carta de seus filhos, Xenofonte e Maria enviaram um de seus escravos a Beirute para que os encontrasse. Em Beirute, foi informado que os dois estudantes não haviam retornado à cidade. Pensando terem partido a Atenas para ingressar em outra escola, navegou até lá, e não obteve êxito algum. Desanimado, partiu de volta a Constantinopla. Numa noite, um monge passou pela pousada onde ele estava hospedado. Os dois começaram a conversar, e o monge mencionou que estava em peregrinação a Jerusalém para venerar os lugares santos. Olhando mais atentamente, o escravo indagou-o: “Não és tu um dos escravos que meu amo Xenofonte enviou a Beirute com seus filhos João e Arcádio?”
 
O monge, que havia-o reconhecido primeiro, admitiu: “Sim, sou. Nós dois nos conhecemos e ambos fomos escravos de Xenofonte.” O servo, então: “Como, então, estás vestido como um monge, e onde estão nossos amos João e Arcádio? Diz a mim o que sabes, pois procurei-os por toda a parte, e não encontrei nem seus vestígios!” Os olhos do monge encheram-se de lágrima, e ele suspirou: “Nossos mestres e todos os outros que estavam na embarcação morreram, exceto a mim. Em meu juízo, julguei ser melhor concluir os meus dias num mosteiro do que levar uma notícia tão triste aos nossos amos.” O servo, chorando e batendo no peito, disse:
 
: “Ai de mim! Que terrível foi o vosso destino, meus mestres! Que sofrimento! Que horrível maneira de morrer! Como poderei eu informar vossos pais disso e suportar as lágrimas de vosso pai e as dores de vossa mãe, isso sem contar seus gritos de lamentação? Ai de mim, meus bondosos mestres; convosco, minhas esperanças pareceram! Pensava eu que herdaríeis tudo o que pertence aos vossos pais, e nós, os escravos, ansiávamos por um futuro feliz. Os pobres aguardavam pelas esmolas, os estrangeiros pela hospitalidade, as igrejas pelos adornos, os mosteiros pelas provisões, mas tudo foi em vão; que farei eu? Como poderei enfrentar meu amo Xenofonte com a notícia de que seus filhos morreram no mar? Ambos expirarão ao ouvir isso. É melhor que eu abandone minha missão e fuja, a ser responsável pelas suas mortes!
Por muito tempo seus pais não tiveram notícias de seus filhos, e presumiram que estivessem mortos. Xenofonte, no entanto, já bastante idoso, manteve uma firme esperança no Senhor e consolou sua esposa Maria, dizendo-lhe para não ficar triste, mas para acreditar que seus filhos estavam sendo cuidados pelo Senhor. Depois de vários anos, o casal fez uma peregrinação aos lugares santos, e, em Jerusalém, encontraram seus filhos vivendo como ascetas em diferentes monastérios. Os pais, consolados, deram graças ao Senhor pelo reencontro.
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