Sofrônio de Essex

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São Sofrônio de Essex

São Sofrônio (Sakharov) de Essex ou Sophrônio de Essex (1896-1993) foi um arquimandrita notável por seu asceticismo, filho espiritual de São Silouan do Monte Athos. Foi glorificado como santo pelo Patriarcado Ecumênico de Constantinopla em 27 de novembro 2019. Comemorado pela Igreja em 11 de julho.

Vida

Infância

Sob o nome de Serguei Simeonovich Sakharov, nasceu em Moscou no ano de 1896[1], em uma abastada família cristã. Como o próprio santo recorda, sua primeira experiência com a Luz Incriada ocorreu ainda na infância. De uma natureza questionadora e perspicaz, desde cedo se preocupava com o sentido da vida e com a "questão da eternidade".

Até os oito anos, cresceu em um ambiente agradável e pacífico. No entanto, São Sofrônio viria a presenciar os piores conflitos do século XX: a começar pela Guerra Russo-Japonesa (1904), seguida pela revolução de 1905 e, anos mais tarde, a Primeira Guerra Mundial e a Guerra Civil. Em 1917, Serguei contraiu tifo e sua doença o livrou de se envolver nos conflitos que assolavam o território russo. Apesar disso, esses trágicos eventos foram cravados profundamente em sua alma.

Vida artística

Quanto aos estudos, o jovem Serguei frequentou a escola secundária de Belas Artes em Moscou, desenvolvendo sua natural inclinação à arte da pintura. Continuou seus estudos na Escola de Pintura, Escultura e Arquitetura de Moscou. Entre seus professores, o que teve maior influência sobre ele foi Wassily Kandinsky (1866-1944), ainda mais na escrita que na pintura. De Kandinsky, interessava-o a ideia da criatividade pura, da qual extraía a forma da pintura em si mesma. Além disso, foi ensinado que é preciso ter uma vida anterior para que seja possível desenvolver uma obra de arte, a fim de sentir e compreender o processo criativo. A pintura precisa vir de dentro, precisa vir da alma.

Na época, a maioria dos artistas buscava inspiração no âmbito espiritual. A partir dessas influências, de sua inquietação constante e daquela urgência em resolver a "questão da eternidade", Serguei se afastou do Cristianismo, aproximando-se do misticismo oriental. A ideia de uma criatividade pura combinava bem com a perda e dissolução de si mesmo na não-existência.

Inicialmente, agradava-o a arte abstrata. Em 1921, porém, perdeu o encanto com essa forma de arte e optou por rejeitá-la, dizendo que a um ser humano não havia sido dada a graça de criar do nada, modo que apenas Deus pode criar. Foi a partir desse raciocínio que Serguei voltou suas atenções ao Deus de seus anos de criança, a quem havia abandonado. Pouco tempo mais tarde, deixou a Rússia e foi à Europa a fim de desenvolver sua carreira artística. Desse ponto em diante, voltou-se também à arte figurada, dedicando-se intensamente a ela.

Viajou pela Itália, explorando-a e durante sua estada pôde refletir sobre a arte religiosa, ali já apresentando um senso apurado para esse estilo, embora ainda estivesse longe do que produzia. Em seguida, partiu para Berlim, lugar que à época havia se tornado um centro de imigração russa. Ao final de 1922, mudou-se para Paris: a capital artística do mundo, e uma arena de possibilidades infinitas. Dedicando-se a paisagens, natureza morta e retratos, passou a ser descrito como parte do movimento cézanesco do período. Trabalhava incansavelmente e sua carreira alcançou reconhecimento da crítica. Chegando, inclusive, a exibir suas obras no Salon d'Automne e no Salon des Tuilleries.

São Silouan, grafite sobre papel, feito por São Sofrônio em 1984
São João Batista, grafite sobre papel, feito por São Sofrônio em Tolleshunt Knights, imagem de 1960

A despeito do sucesso, sua busca espiritual continuava inabalável: por conta disso, decidiu trocar a enérgica Paris pelos ares calmos de Clamart. No entanto, apesar da tranquilidade do local, sua guerra interna só começava: de um lado, havia a pintura e a sua carreira artística em ascensão; de outro, a sede crescente pela vida de oração. Por fim, a oração venceu. Não era na arte que encontrava as respostas que procurava. Por mais que pudesse ter de tudo em Paris, não havia ali a alegria verdadeira. Desse ponto em diante, tornou-se cada vez mais interessado em conhecer a Igreja Ortodoxa e a prática da oração. Em abril de 1925, matriculou-se no Instituto São Sérgio de Teologia Ortodoxa. Porém, os estudos não bastaram para saciar sua sede espiritual, Sofrônio precisava experimentar a vida espiritual de um modo ainda mais profundo. Assim, abandonou seus estudos e sua vida artística em Paris, e partiu para a Montanha Sagrada.

Vida monástica

No Monte Athos, foi para o Mosteiro de São Panteleimon, onde foi tonsurado monge sob o nome de Sofrônio. Toda a energia criativa antes dedicada à pintura passou agora a se concentrar na oração. Em 1930, foi ordenado diácono. Em 1941, foi ordenado padre e pouco depois se tornou confessor. Durante todos esses anos, não pintou nada além de dois ícones, dos quais desgostou, achando insatisfatórios.


Repouso

Repousou no Senhor em 11 de julho de 1993.

Monastério de São João Batista

Fundador do Mosteiro de São João Batista em Tolleshunt Knights, Reino Unido. (ver panorâmica)

Notas

  1. Há divergências quanto ao ano exato do nascimento, variando entre 1894 e 1896

Ligações Externas