Espiridião de Trimitous

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Santo Espiridião, o Taumaturgo e Bispo de Trimitous

Venerável Espiridião, o Taumaturgo, Bispo de Trimitous (em grego: Άγιος Σπυρίδων ο Θαυματουργός, επίσκοπος Τριμυθούντος, 270-348) viveu durante o século III. Sua festa é comemorada em 12 de dezembro.

Vida

Santo Espiridião de Trimitous nasceu no ano de 270, na ilha do Chipre, de uma família de fazendeiros. A simplicidade que veio de berço o acompanhou por toda a vida: era uma pessoa simples, bondosa e repleta de amor ao próximo. Trabalhava como pastor de ovelhas, e fazia de tudo para ajudar seus vizinhos e os necessitados. Aos domingos, costumava reunir as pessoas para ensiná-las a palavra de Deus, e instruí-las na Fé. Ainda em sua juventude, recebeu a graça do matrimônio e teve filhos, entre os quais Irene - a qual, assim como o pai, é contada entre os santos. Quando o Senhor chamou sua esposa para junto Dele, santo Espiridião decidiu se dedicar por completo a Cristo e à Sua Igreja.

Durante o reinado do Santo Imperador Constantino, a piedade excepcional e os feitos de Santo Espiridião eram já amplamente reconhecidos. Assim, foi escolhido para o cargo de bispo da cidade de Trimitous. O rebanho que Cristo confiou em suas mãos o tornou ainda mais humilde e bondoso. Mesmo após se tornar bispo, vestia-se de modo tão simples que, uma vez, ao entrar na corte imperial a convite do imperador, um soldado julgou que se tratava de um pedinte e o agrediu. Santo Espiridião não reagiu, mas ofereceu a outra face ao seu agressor - que, surpreso diante de tal humildade, deu-se conta do próprio erro.

Graças às suas virtudes, foram-lhe concedidos muitos dons: com orações, era capaz de fazer chover sobre a terra seca; curava doenças ditas incuráveis, afastava demônios, entre outros atos milagrosos. Certo dia, uma mulher veio a ele aos prantos, trazendo em seus braços o filho morto. Implorava pela intercessão do santo, que a recebeu e orou fervorosamente a Deus. Quando o sopro de vida novamente preencheu os pulmões da criança, sua mãe exultante de alegria, passou mal e desabou ao chão. Pelas intercessões de santo Espiridião, a mulher se recuperou e voltou para casa com o filho.

Uma vez, o bispo Espiridião adentrou uma igreja vazia, ordenou que as lamparinas e velas fossem acesas e iniciou a Divina Liturgia. Ao dizer "A Paz esteja com todos vós", tanto o santo quanto o diácono ouviram do alto inúmeras vozes dizendo "E com o teu espírito". Esse coral era infinitamente mais melodioso e majestoso que qualquer voz humana. A cada verso da litania, entoavam "Tem piedade, Senhor". Atraídos pelas vozes divinas, os habitantes das proximidades correram para a igreja. À medida que se aproximavam, o canto celestial enchia seus ouvidos e alegrava seus corações. Porém, ao entrarem na igreja, não viram ninguém além do bispo e daqueles que serviam no altar, e não mais podiam ouvir o canto que tanto os deixou admirados.

Participação no Primeiro Concílio Ecumênico

Ícone Santo Espiridião de Trimitous

Santo Espiridião participou de algumas sessões do Primeiro Concílio Ecumênico no ano de 325. No Concílio, o santo disputou com um filósofo grego defensor da heresia do arianismo. A sabedoria do santo não apenas convenceu o opositor, como foi responsável por sua conversão ao Cristianismo. Além disso, Santo Espiridião demonstrou a unidade da Santíssima Trindade de uma maneira notável: apanhou um pedaço de tijolo e o esmagou. Naquele instante, uma chama de fogo surgiu, água escorreu sobre seus dedos e pingou ao chão, e apenas poeira permaneceu em suas mãos. "Havia apenas um tijolo", disse o santo taumaturgo, "mas ele era composto de três elementos. Assim é a Santíssima Trindade: há três Hipóstases, mas somente um único Deus".

Pós-vida

Santo Espiridião de Trimitous repousou no Senhor em 348, no Chipre, sua terra natal. Logo perceberam que suas relíquias permaneceram incorruptas e, para glória de Deus, tornaram-se fonte de inúmeros milagres.

Relíquias

Relíquias de Santo Espiridião

Por trezentos anos após seu repouso, suas santas relíquias permaneceram na ilha do Chipre. Ao final do século VII, provavelmente por ordens do Imperador Justiniano II, suas relíquias foram transferidas para Constantinopla, a fim de protegê-las dos ataques muçulmanos que se espalhavam.

Em Constantinopla, suas relíquias foram alocadas inicialmente em um mosteiro feminino, mas transferidas diversas vezes ao longo dos séculos. Estevão de Novgorod (1350), Ignátios de Smolensk (1389-1405) e o escritor Alexandre (1393) atestam que veneraram as relíquias de Santo Espiridião na Igreja dos Santos Apóstolos, fundada pelo imperador Justiniano I por volta do ano 550.

Alguns meses antes da queda de Constantinopla, em 12 de dezembro de 1452, uma liturgia foi celebrada na Igreja de Santa Sofia a fim de comemorar a união da Igreja Ortodoxa com os papistas. Nessa ocasião, sendo a festa do venerado santo, suas relíquias foram trazidas para a Hagia Sophia e fizeram uma enorme e majestosa procissão em sua memória.

Em 1489, suas sagradas relíquias foram levadas à cidade de Corfu. Antes de se estabelecerem ali, passaram pelo Épiro, onde pelo padre Gregórios Poliefktos foram levadas à cidade de Corfu e, uma vez ali, ficaram sob os cuidados de outro sacerdote, o padre Geórgios Kalohairetis. No entanto, não foram imediatamente postas em uma igreja, senão que mantidas pela família até 25 de novembro de 1571.